Enfim depois de muitos anos querendo eu consegui fazer a cirurgia refrativa para a correção da miopia e do astigmatismo. Foi muito tranquila, totalmente indolor e a equipe médica foi maravilhosa desde a primeira consulta.
Tá, mas a coisa da cirurgia é um detalhe.
Voltei a terapia na penúltima semana e já venho queimando minha massa cinzenta em busca de entender tantas coisas escondidas aqui dentro.
Porque de uns tempos prá cá eu ando achando que todo mundo me olha na rua. São olhares que me julgam, me apontam, que dizer que hoje estou péssima, gorda e feia com aquele óculos (que eu já me livrei).
É claro que ninguém está de fato me olhando. É claro que isso é minha cabeça criando coisas, mas a questão é porque? Eis o motivo da terapia (dentre alguns). Estamos trabalhando pra entender (aceitar ou mudar) essa Tatiana que estava atrás dos óculos e que insiste em se esconder atrás de 10kg de sobrepeso, se achando horrível por conta desses dois "vilões".
E falando em sobrepeso, precisei realizar mais um ultrassom de abdomen para ver a quantas anda minha vesícula rocks. A única pedra que está lá tem 2,3cm e obviamente não corre o risco de obstruir o canal biliar. Com isso, o médico bastante consciente me disse com todas as letras que não ha motivo para extrair a vesícula considerando que eu não vou engravidar agora, não há risco de entupimento e eu estou em sobrepeso. Sim, ele me chamou de gorda. GOR-DA. Cara, e olha que eu já vi gente gorda (de verdade) andando por aí já sem vesícula hein...
Moral da história: segundo ele eu preciso eliminar o sobrepeso porque assim já terei uma vida agradavel na cia. da minha vesicula rocks. Comer menos nas refeições principais, comer de 3 em 3 horas e evitar o que eu já to cansada de saber: carnes gordurosas, frituras, carboidratos, doces, chocolates...
A minha briga com a balança é bem velha. Me lembro de começar nesse inferno por volta dos 26 anos. Eu tinha 52kg e subindo. Hoje, 9 anos depois eu tenho 67kg e posso dizer com certeza que estou carregando o corpo mais pesado que consegui em toda minha existência. Uma série de fatores foram me levando a isso (tive que relembrar cada um deles na terapia). Fatores como o uso do "Eu mereço" na hora de ir ao supermercado, comer por pressão, ansiedade, satisfação, proteçao. Viu só? Inúmeros motivos pra comer, mas nenhum é o correto: comer apenas para se manter em pé.
A partir de hoje (e veja que eu não estou aqui iniciando uma dieta ou dizendo que tudo será diferente num passe de mágica) eu quero olhar pra comida apenas como uma coisa indispensável para que eu viva. Não quero mais comer por compulsão ou ansiedade. Almoçar correndo, sem mastigar bem só me mostra o quanto eu como por ansiedade. Na esmagadora maioria da vezes eu tenho tempo suficiente para almoçar normalmente, mastigando, sentindo o gosto das coisas.
A gente vai pular a página da academia, tá? Eu continuo matriculada, não piso lá ha 3 semanas (2 por preguiça e desculpas esfarrapadas e 1 por recuperação da cirurgia). Tecnicamente eu posso voltar aos treinos na próxima segunda-feira. Tecnicamente porque né? Ânimo zero. Mas vamos falar disso depois. Agora eu quero andar um passo de cada vez. Primeiro meu relacionamento com a comida, depois a atividade física regular.
O pensamento diário é: só por hoje eu vou fazer tudo direito. Só por hoje.